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Na tarde desta quarta-feira (07), às 17h, a Câmara Municipal de Pouso Alegre vai realizar o descerramento de três novos quadros na Galeria de Ilustres pouso-alegrenses, instalada no Museu Histórico Municipal Tuany Toledo.

O evento será aberto ao público e toda a comunidade está convidada para participar. A galeria de Ilustres pouso-alegrenses conta atualmente com 33 nomes. Confira as personalidades que irão somar à galeria a partir de hoje:

Jandyra Meyer Azevedo

Nasceu em Pouso Alegre, em 4 de dezembro de 1903, filha do Coronel Octávio Meyer e de Carolina Florence Meyer.

Fez os primeiros estudos na escola de Dona Aristotelina Ribeiro Pires (Dona Tuta), alfabetizando-se com apenas cinco anos de idade.

Frequentou o Colégio da Visitação, transferindo-se em 1911 para o Colégio Santa Doroteia. Ali, cursou, em seguida, a Escola Normal, tornando-se professora em 1916. Ingressou na Escola Federal de Farmácia de Pouso Alegre, concluindo o curso em 1920.

Pouco exerceu a profissão de farmacêutica, dedicando-se bem cedo ao magistério, que exercia na Escola Santo Agostinho, que ela mesma fundou.

Além do ensino primário, dedicava-se à poesia, destacando-se com seu primeiro livro “Melancolia”. Ensinou os primeiros versos ao irmão Vinícius Meyer, que se tornou poeta, agraciado com o Prêmio da Academia Brasileira de Letras em 1934. Também por suas mãos, orientou a sensibilidade poética de Jacy Meyer Fernandes, a irmã mais nova.

Produziu artigos para jornais, peças para o Teatro Amador de Pouso Alegre, bem como monólogos, consubstanciando sua obra no livro “Cantos da Jandaya”, em fase de revisão, para publicação póstuma. Participou ativamente do movimento de poetas pouso-alegrenses, que resultou na fundação da Arcádia de Pouso Alegre, sem dúvida o estado embrionário da Academia Pouso-alegrense de Letras.

Durante toda a vida, foi “poetisa militante”, escrevendo versos para os mais diversos propósitos culturais, educativos, sociais, religiosos e até políticos. Com isso, contribuiu para a divulgação e a popularização da poesia, principalmente nos meios educacionais, entre a juventude e a sociedade de nossa terra.

Sempre encontrou tempo para as obras sociais. Foi uma das pioneiras da “Associação de Proteção à Infância”, que teve como fruto mais viçoso a criação do Posto de Puericultura “Ismael Libânio” e do Lactário “Fernando Roberto Moreira Sales”.

Em 1948, em concurso público, foi classificada em 1º lugar para o cargo de professora do Escola Prof. Joaquim Queiroz, do qual foi a primeira Diretora. Foi também Diretora da Escola Hermantina Beraldo.

Casou-se com Newton Marques de Azevedo. Teve dois filhos, Maria Carolina e Newton.

É patronesse da cadeira nº 5 da Academia Pouso-alegrense de Letras, cujo 1º titular foi o próprio filho, Cel. Newton Meyer Azevedo.

Faleceu aos 88 anos em 1º de abril de 1992. O próprio epitáfio, ela o deixou nesta trova:

“Terra minha, em que nasci,

Que meu ser se desintegre,

Para ser terra de ti,

Minha terra, Pouso Alegre!”

Clarisse Toledo

Nasceu em 16 de março de 1914 em Borda da Mata, então distrito de Pouso Alegre, Filha de Alfredo e Maria Isabel Toledo.

Diplomada normalista pela Escola Normal Santa Doroteia em 1931, foi professora primária na Escola Profissional Delfim Moreira de 1941 a 1945.

Nomeada pelo Estado Professora Primária do Grupo Escolar Monsenhor José Paulino em 1946.

Levou alunos da Escola Profissional para se submeterem a exames de 4º série, tendo sido todos aprovados durante 5 anos, a partir de 1947.

Foi Professora Primária do Grupo Escolar Professor Joaquim Queiroz em 49, orientadora Técnica para o Grupo Escolar Monsenhor José Paulino em 52 e transferida como Orientadora para o Grupo Escolar Professor Joaquim Queiroz em 53.

Preparou turmas para o curso de admissão no Colégio São José de 1940 a 1957.

Lecionou no primeiro ano das classes primárias anexas à Escola Normal Santa Doroteia de março de 32 a novembro de 33.

Nomeada Diretora Técnica do Grupo Escolar Dom Otávio, instalado em 1955.

Exerceu o cargo de Assistente da Cadeira de Prática de Ensino das alunas do terceiro ano do curso de Formação do Colégio Normal Santa Doroteia de 58 a 67.

Lecionou didática do Ensino no CNEC e foi paraninfa da primeira turma em 1968 e nesse mesmo ano prestou serviços no Colégio Normal Santa Doroteia.

Lecionou as matérias Didática e Metodologia do Ensino no Colégio Estadual Doutor José Marques de Oliveira na década de 70.

No início da década de 70, criou no Grupo Escolar Dom Otávio uma sala de educação especial com o intuito de trabalhar com os alunos, para que se integrassem às turmas regulares. Com o aumento de alunos, essa classe foi transferida para a antiga residência do Dr. Miranda, transformando-se na Escola Especial Dr. Miranda, como anexa ao Grupo Escolar Dom Otávio.

Por esse tempo, assumiu a direção da Escola Infantil Combinada – a pré-escola com alunos de 4 a 6 anos de idade, funcionando anexa ao Grupo Escolar Dom Otávio até seu desdobramento, originando o Jardim de Infância Monsenhor Mendonça.

Substituiu a inspetora seccional de Santa Rita do Sapucaí.

Incentivou o professorado à especialização, facilitando as promoções.

Em setembro de 87, dona Clarisse recebeu um convite do padre Renzo Flório para assistir à Sessão Histórico-Artística no Colégio São José, ocasião na qual seria homenageada como representante dos professores mais antigos do estabelecimento.

Faleceu em 29 de março de 1995.

Mirabeau Joaquim Ludovico

Mirabeau Joaquim Ludovico’ nasceu em Araxá (MG), no dia 6 de dezembro de 1886, filho de Ludovina Quitéria. Foi criado pela família de Porfírio Machado, juiz de Direito daquela cidade.

Aos 6 anos, Mirabeau se mudou com a família adotiva para Pouso Alegre. Em 1906, foi acolhido por Dom João Batista Corrêa Nery, primeiro bispo da Diocese, para ajudar nos serviços do recém-criado Palácio Episcopal.

Foi o “faz-tudo” do Palácio: motorista, jardineiro, cozinheiro e mordomo, entre outras atividades, tendo servido quatro dos bispos que passaram pela Diocese de Pouso Alegre: Dom Nery, Dom Antônio Augusto de Assis, Dom Octávio Chagas de Miranda e Dom José D’Ângelo Neto.

Mirabeau foi membro-fundador e presidente do Clube 28 de Setembro, “onde era um respeitado líder e um dos melhores dançarinos”. Palco de vários bailes, festas e folguedos de carnaval, o Clube 28 de Setembro também possuía escola regular, banda musical, grupo de teatro e escola de música. Dessa forma, além de proporcionar diversas atividades de lazer, o Clube ajudou muitos negros a conquistar novos espaços na sociedade que não lhes eram garantidos. Mirabeau também foi diretor do jornal publicado pelo Clube 28 de Setembro, dedicado a divulgar os acontecimentos relacionados à comunidade negra de Pouso Alegre.

Em momentos difíceis da vida da cidade, Mirabeau esteve presente com a caridade que lhe era peculiar. Na época da gripe espanhola, enfrentando o perigo de contágio, transportava os defuntos em uma carroça ou coche fúnebre improvisado, providenciando sozinho o sepultamento de dezenas de vítimas da epidemia.

Em reconhecimento aos serviços prestados à cidade, foi agraciado pela Câmara Municipal de Pouso Alegre com o título de Cidadão Pouso-alegrense em 1972.

Foi casado duas vezes: do primeiro matrimônio, teve uma filha; viúvo, casou-se em 1918 com Mercedes Carvalho, com quem teve sete filhos.

Faleceu no dia 18 de outubro de 1982, “num quartinho humilde na casa nº 728 da Rua Bueno Brandão, nesta cidade, aos 96 anos de idade”. Seu funeral teve missa de corpo presente, celebrada por Dom José, com a presença de 16 padres, no dia do aniversário da cidade.