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A Câmara Municipal de Pouso Alegre realizou na última segunda-feira (31 de maio) uma bela homenagem à memória do 1º Arcebispo de Pouso Alegre, Dom José D’Angelo Neto, que faleceu no dia 31 de maio de 1990. A Sessão Especial que teve o objetivo de lembrar os 20 anos de falecimento e também os 50 anos de sua Sagração Episcopal, requerida pelo vereador Paulo Henrique Pereira Alves e aprovada pelo presidente da Casa, vereador Frederico Coutinho de Souza Dias, foi marcada por momentos de emoção tanto nas leituras das cartas enviadas por amigos e familiares, quantos nas apresentações do grupo musical do Conservatório de Música de Pouso Alegre, do canto gregoriano dos Monges Beneditinos, e nos relatos dos ilustres convidados que narraram um pouco da vida e história sacerdotal de Dom José D’Angelo Neto.

Participaram da homenagem o Arcebispo Metropolitano de Pouso Alegre, Dom Ricardo Pedro Chaves Pinto Filho, o vigário geral da Arquidiocese, cônego Vonilton Augusto Ferreira, o chanceler da Arquidiocese, monsenhor José Dimas, o professor doutor Virgínio Cândido Tosta Souza da Univás e ex-irmã, Marlene Silva.

O primeiro a discursar foi o vigário geral da Arquidiocese de Pouso Alegre, cônego Vonilton Augusto Ferreira que traçou o perfil de Dom José desde sua Ordenação Sacerdotal em Mariana, Minas Gerais até a sua elevação como Arcebispo de Pouso Alegre, em 14 de abril de junho de 1962. De acordo com as palavras do cônego Vonilton, Dom José foi um líder nato que ao longo da vida manteve suas características de homem discreto, culto e prudente. “A Arquidiocese de Pouso Alegre abre os livros de sua história e vê registrado o protagonismo de um homem iluminado que veio enaltecer a fé católica em terras sul mineiras, e que também deixou sua marca na sociedade regional em relação à saúde, educação e promoção humana. Marcas de um líder nato, que trabalhou não apenas por um aspecto da vida, mas pela integralidade da formação”.

Ainda segundo cônego Vonilton, Dom José, como poucos, foi dócil, obediente e exato no cumprimento de todos os seus deveres e serviu com o corpo e alma até o último suspiro à Igreja de Pouso Alegre. Lembrou também que sua presença como líder não ficou atrelada à cidade, mas também se fez notar no panorama nacional através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil CNBB). “Foi um diplomata que muitas vezes usou a tribuna para dirigir suas opiniões que eram acatadas devido à sua competência e estima elevada”.

Ainda de acordo com cônego Vonilton, Dom José no momento do corpo fragilizado pela doença teve ao seu lado o Cirineu e amigo Dom João Bosco Oliver de Faria que tudo fez para aliviar, amparar e minimizar suas dores e preocupações, e que mesmo assim não se escondeu na dor e na missão. Cônego Vonilton finalizou seu discurso ressaltando que Dom José foi o mensageiro da paz e que o seu perfil está registrado no fruto de suas obras.

O Chanceler da Arquidiocese, monsenhor José Dimas disse que Dom José D’Angelo Neto foi para Arquidiocese de Pouso Alegre o sinal do pastor que de fato deu a sua vida pelas ovelhas em sua ação pastoral. Ressaltou momentos importantes de Dom José como seu período de visitas pastorais, a criação da Província Eclesiástica de Pouso Alegre, a instalação da Arquidiocese, a participação de Dom José nas sessões do Concílio do Vaticano II, em Roma, na construção do novo prédio do Seminário Arquidiocesano, a criação do Centro Catequético que levou o seu nome, a sua atuação pastoral nas décadas de 70 e 80, e recebimento no dia 19 de outubro de 1966, do título de Cidadão Pousoalegrense. Monsenhor Dimas destacou também que mesmo enfrentando problemas econômicos para manter o Seminário aberto, nunca o fechou. Pelo contrário, no tempo que esteve a frente dele ordenou 41 sacerdotes, quatro diáconos, entre outras ações. “Dom José foi um atleta da fé, que nos últimos anos de sua vida trouxe incessantemente em seu corpo a agonia de Jesus.

O ex-reitor da Univás, professor Virgínio Cândido Tosta Souza falou de sua amizade com Dom José que nasceu de um consulta médica. “Ele passou a ser meu paciente a vida toda, inclusive quando ele começou a ficar doente que o levou ao óbito eu fui o primeiro a ser chamado”. Destacou a participação de Dom José em sua vida e em importantes conquistas na área educacional como a autorização da Faculdade de Medicina que também era disputada pela cidade de Itajubá, a criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Eugênio Paccieli, a construção do novo hospital, a aquisição da Fundação do Vale do Sapucaí (FUVS), a compra do terreno das irmãs Dorotéias onde hoje é o Campus Fátima da Univás. “Na época já pensávamos na universidade, que também foi considerada com uma ideia megalomaníaca. Hoje a Universidade está aí com 23 cursos prestando serviços a Pouso Alegre e região”.

Marlene Silva, ex-irmã, que teve conviveu de perto com Dom José, fez menção emocionante destacando algumas passagens do testamento de Dom José. Contou também um pouco do relato de pessoas que o conheceram e de momento peculiares e simples de Dom José como a ida a padaria na Rodoviária (antiga), compra de panelas na loja Morato (que ainda existe), e que se alegrava com oi das crianças, freqüentava festas quando convidado, amava a família, era apegado as tradições, jogava baralho, lia muito, contava piadas e era dono deliciosas gargalhadas, e que circulava em todos os meios sociais. “Mantinha-se livre, sem teias. Mas do que autoridade ele sempre foi autorizado”. Marlene lembrou também da desordem que sua internação causou no hospital das Clínicas em Pouso Alegre e no hospital Luxemburgo em Belo Horizonte, diante de tantas visitas, cartões e flores. A mesma cena, segundo ela, repetiu-se na sua morte e no seu enterro em Pouso Alegre. Marlene Silva finalizou seu discurso dizendo: “Dom José reze por nós, rogue por nós, fale conosco, sorria pra nós. Temos mil razões para guardá-lo na lembrança e eternizá-lo no silêncio da saudade até quando um dia nos reencontrarmos, pois a morte não é nada , só a vida conta”.

Dom Ricardo Pedro Chaves Pinto Filho, Arcebispo de Pouso Alegre disse que admira Dom José D’Angelo Neto em três aspectos. O primeiro pela importância de sua ação pastoral. O segundo por ter sido um homem de visão e terceiro pela a sua coragem. “Dom José não foi apenas um intelectual, foi um verdadeiro pastor. O segundo ponto que o admiro quando eu digo que ele foi um homem de visão, antes do Concílio do Vaticano II, Dom José planejou um grande Seminário, que ficou parado devido algumas resoluções do Concílio, mas que continuou dar impulso para que o Seminário de Pouso Alegre fosse concluído. A sua iniciativa marcou profundamente essa realidade na formação sacerdotal. E o terceiro ponto foi justamente a sua coragem de defender a sua verdade nos momentos mais difíceis da assembléia da CNBB.

Dom Ricardo parabenizou a Câmara Municipal de Pouso Alegre pela iniciativa de prestar a homenagem ao grande homem que tanto trabalhou pela Arquidiocese de Pouso Alegre, primeiro como Bispo e depois como primeiro Arcebispo. Parabenizou também as pessoas que o conheceram pessoalmente. “Parabéns a esses que tiveram essa iniciativa de realizar essa homenagem porque estão homenageando não apenas um homem, um grande bispo, um grande pastor, mas um grande homem de Deus”.

Dom Ricardo finalizou dizendo que Dom José deixou a sua marca na Arquidiocese e jamais será apagada. “Enquanto houver alunos estudando nas faculdades e universidade de Pouso Alegre, ele será sempre lembrado pela sociedade desta cidade”.

A vereadora Rogéria Aparecida de Oliveira Ferreira (PMDB) parabenizou o vereador Paulo Henrique Pereira Alves (PT) pela iniciativa de homenagear Dom José, lembrando que a Câmara mais uma vez realizou um momento santo e privilegiado, como do ano passado que homenageou à Madre Maria Imaculada da Santíssima Trindade (Mãezinha do Carmelo da Sagrada Família). A vereadora relembrou alguns fatos de Dom José, como por exemplo, a instalação do Asilo Bethânia da Providência. Na oportunidade, a vereadora falou do projeto de lei da Semana da Família e fez um convite a todos para que participem do evento que deverá acontecer em agosto deste ano.

Já o vereador Moacir Franco (PTB) que teve oportunidade de conhecer Dom José quando era estudante e que depois de formado ouvir sua oratória nas missas, disse que Dom José não foi só um pastor de almas, mas também um guardião do patrimônio da igreja dentro da sociedade pousoalegrense. “Me sinto honrado de fazer parte dessas pessoas que o conheceram e da frente de vereadores que fizeram essa homenagem”.

Para o vereador Laércio Poteiro que o conheceu quando criança, Dom José foi um articulador que veio servir a cidade de Pouso Alegre. “Só tenho que agradecer, por ser um filho dessa terra. Agradeço a presença dos convidados neste evento”.

O vereador Paulo Henrique Pereira Alves fez uma referência a todos os presentes, principalmente a irmã de Dom José D’Angelo, Cecília D’Angelo. Explicou que por não natural de Pouso Alegre e sim de Alfenas, que pertence a Diocese de Guaxupé, não teve a honra de conhecer Dom José pessoalmente. Mas confessou que sempre teve curiosidade em saber um pouco da história do homem que marcou Pouso Alegre. “Dom José com certeza foi uma figura que marcou muito a sua história. Seja na condução da igreja, na ação pastoral, nas transformações políticas administrativas que ocorreram no Brasil, e também de sua participação na criação da CNBB. “Fiquei sabendo através de um amigo da PUC de Campinas que sempre me reporta algumas passagens de Dom José. Fico feliz de estar nesse momento na presença de grandes amigos de Dom José que contaram um pouco de sua história. Fico imensamente agradecido com a presença de todos aqui nessa Casa e quero convidá-los para sempre estejam presentes, afinal de contas aqui de fato tem que ser a Casa do povo e nós estamos nesse esforço para que Pouso Alegre se desenvolva a exemplo de Dom José D’Angelo Neto.

Em tempo, Paulo Henrique salientou que foi apenas um instrumento para condução da Sessão Especial que homenageou Dom José e que a ideia partiu de Marlene Dias, que solicitou uma sessão para homenagear esse grande Homem.

A sessão foi finalizada com a entrega do quadro emoldurado à Arquidiocese de Pouso Alegre, um presente da Câmara Municipal e do Ricardo Puccini da Empresa Fotográfica Puccini.

Com informações da assessoria do vereador Paulo Henrique Pereira Alves, Tatiana Rezende