A Câmara de Pouso Alegre aprovou hoje os projetos de lei nº 7.937 e 7.938, de autoria do vereador Ely da Autopeças. O primeiro indica a denominação da atual estrada sem nome, sem saída, com início na BR-459, ao lado da empresa Center Car, como Estrada Municipal Manoel Marinho Ribeiro Neto. O segundo, de rua também sem denominação, sem saída, com início na Rua Vereador Genaro Vitale, como Rua João de Paiva Ferreira. Ambos os logradouros estão situados no bairro Ipiranga.
Manoel Marinho Ribeiro Neto
Manoel Marinho Ribeiro Neto nasceu em 1926, em Surubim, no sertão de Pernambuco. Teve seus primeiros anos marcados por muitas perdas — sua mãe faleceu um ano após seu nascimento e seu pai ganhou a estrada em busca de melhores condições de vida. Criado por sua avó e sua tia em Alagoinha, não teve irmãos.
Aos 18 anos, partiu para o sudeste à procura de oportunidades. Desceu o rio São Francisco na companhia de um primo, e tanto se encantou com o volume de água que nele mergulhou e perdeu seu único documento. Chegando a São Paulo, trabalhou na construção civil e na cantina do Clube Círculo Militar, local onde recebeu apoio e tomou como sua moradia durante algum tempo.
Por volta de 1955, foi trabalhar na região de Ouro Fino, onde conheceu sua primeira esposa, Maria Custódia Ribeiro, a “Ica”, com quem teve dois filhos, Crisólogo e Edson. Tomada por uma doença, percebendo que poderia perder a vida, “Ica” disse a Manoel que, se ele desejasse se casar novamente após sua partida, deveria conhecer a “Lada”, sua prima. As histórias a seu respeito lhe inspiravam confiança.
Enfim, a profecia se cumpriu. Meses depois da morte de “Ica”, em 1960, Manoel se casou com Imaculada Teodora da Conceição. Com “Lada”, teve cinco filhos: Edith, Ronaldo, Luciano, Valério e Claudia.
Pouso Alegre passou a ser a morada da família. Manoel a tomou como seu berço e se identificou com a cidade. Todo final de semana era possível encontrá-lo no Mercado Municipal. De uma passada no açougue à caipirinha com os amigos, ou os churros comprados na hora de ir embora para casa, esse foi um lugar onde fez história.
Depois se aposentar, trabalhou na Prefeitura ajudando em algumas obras. Tinha grandes conhecimentos topográficos. Depois passou a se dedicar aos prazeres e desafios da vida em casa, apoiando nas necessidades diárias, sendo pai, marido e avô. Homem de fibra, de honestidade sem mácula, sempre buscou a retidão e viver a vida de modo responsável.
Um de seus sonhos era voltar ao seu local de nascimento para saber notícias de seus parentes. Em 2010, quase 60 anos de sua vinda para o sudeste, voltou à sua terra e teve a oportunidade de rever seu primo que tinha migrado com ele, em um episódio de grande comoção.
Em 2012, foi acometido por um AVC. Os anos seguintes foram de muitas mudanças, tendo apresentado um quadro de demência devido às sequelas e à idade avançada. Aos 94 anos, em 2021, em sua casa na Rua Tupinambás, onde morou por mais de 50 anos, sua jornada chegou ao fim, deixando um legado e valores que certamente serão lembrados e praticados por seus descendentes.
João de Paiva Ferreira
João de Paiva Ferreira nasceu em 1951, na cidade de Campestre, Minas Gerais. Era filho de José Francisco Ferreira e Jacira de Paiva Ferreira. Foi casado com Marilda de Fátima Ferreira, e dessa união resultaram três filhos: Renato, Luciane e Leandro.
Começou a trabalhar cedo, como engraxate e servente de obras, para ajudar no sustento da família. Quando jovem ingressou no comércio de Pouso Alegre, iniciando sua trajetória como balconista na Autopeças Pouso Alegre.
Com o passar do tempo, reuniu economias para abrir as portas de sua própria e tão sonhada loja de autopeças. Em 1982, foi fundada a empresa Varejão das Peças, atendendo com presteza e conhecimento no segmento de peças automotivas. No ano de 1993, foi inaugurada a empresa Automec Peças e Serviços, com a prestação de serviços mecânicos para automóveis. E, em 2000, a empresa Centro Automotivo Varejão, loja especializada em acessórios, pneus, balanceamento, alinhamento e suspensão de veículos. Toda essa dedicação foi transmitida a seus sucessores.
João faleceu no ano de 2016, aos 64 anos de idade, deixando sua marca no ramo de peças automotivas e o legado de um homem alegre, correto, de caráter inquestionável e excelente pai e avô.